Você confunde as finanças pessoais das finanças do seu negócio? Isso é um erro. O dinheiro da sua empresa não é seu. Entenda porquê.
Os pequenos empresários têm a tendência de confundir o dinheiro que o seu negócio gera com as suas próprias finanças pessoais. Aliás, algumas pessoas têm mesmo dificuldades em fazer essa distinção financeira, o que prejudica os negócios.
Afinal, os seus gastos pessoais são diferentes das contas da empresa. Dessa forma, você deve esforçar-se pare ter um salário para pagar as suas despesas mensais, enquanto mantém um fluxo de caixa específico para a empresa.
Finanças Pessoais
O termo de finanças pessoais abrange todas as receitas e todos os gastos de um indivíduo ou da sua família. Estão relacionadas com as suas atividades individuais como pessoa que, por mero acaso, tem uma empresa ou um negócio.
Logo, esta definição cabe dentro da esfera o seu orçamento doméstico, pessoal e familiar. Todas as questões relacionadas com os seus ganhos enquanto indivíduo, com os investimentos ou mesmo créditos pessoais responsabilidades com impostos, educação, etc, deverão ser tratados com as finanças do próprio.
Finanças empresariais ou do negócio
Já as finanças empresariais abrangem todos os recursos e aplicações de dinheiro da empresa. Ao considerar esse conceito, o empreendedor deverá buscar a otimização dos seus investimentos, de forma a que a empresa possa aumentar sua rentabilidade.
Na prática, as finanças da empresa dizem respeito a todos os fluxos financeiros com vista à atividade direta da empresa e do seu negócio. Neste particular é preciso avaliar de que forma as necessidades de capital para a empresa são satisfeitas. Também aqui é fundamental que a empresa seja auto suficiente para a sua atividade, ou seja, que tenha capacidade por si só de cumprir com as responsabilidades empresarias e que todo o financiamento que a empresa necessite seja obtido por esta e não pelo seu titular.
No caso de haver excedente de tesouraria há a tentação por parte do seu proprietário de usar esse excedente para as suas responsabilidades enquanto indivíduo. Não o deverá fazer. Há formas corretas, como por exemplo a distribuição de dividendos, de o proprietário ganhar com os lucros da empresa, sem recorrer diretamente à sua tesouraria.
O dinheiro da sua empresa não é seu! É da empresa.
Qual a importância de separar as finanças empresariais das finanças pessoais?
Agora que sabe perfeitamente distinguir estas duas entidades de dinheiro fica fácil perceber porque é tão importante não misturar as finanças pessoais das finanças empresariais.
O funcionamento de qualquer negócio implica diversos gastos, como o pagamento a fornecedores de matéria prima, fornecedores de mercadorias e de serviços complementares, pagamento aos funcionários, obrigações fiscais, responsabilidades bancárias, etc. Assim sendo, se o dinheiro da empresa for canalizado para pagar as suas despesas pessoais podem surgir problemas financeiros para a empresa a muito curto prazo. Um deles é o próprio desvio orçamental o que pode implicar gastos elevados que não são facilmente identificados.
A própria análise à performance do seu negócio também fica comprometida uma vez que os dados disponíveis estão adulterados sempre que o dinheiro for canalizado para despesas fora do âmbito da atividade do negócio. Afinal, com contas todas misturadas não se consegue quantificar facilmente qual o lucro empresarial atual.
Por outro lado se a empresa tiver dificuldades de tesouraria estas devem ser satisfeitas com meios próprio e não com o dinheiro do bolso do empresário. Aliás, por vezes vemos empresários que constantemente colocam dinheiro seu para pagar a fornecedores ou para cumprir outras obrigações da empresa e até recorrem a empréstimos pessoais, com cartões de crédito. Se assim o fizer está apenas a adiar um problema estrutural de tesouraria da empresa.
Quais os riscos de juntar as finanças pessoais das finanças empresariais?
Em primeiro lugar todos os empresários devem ter a clara noção que a sua empresa não serve para gerar um lucro direto para a sua vida pessoal. Isto porque utilizar diretamente o dinheiro gerado da empresa para pagar despesas pessoais vai comprometer a tesouraria da própria empresa e acarretar dificuldades no seu cumprimento de obrigações a curto prazo.
Como consequência a empresa poderá ver-se obrigada a recorrer a empréstimos para colmatar essas prováveis dificuldades de tesouraria, que nada tem a ver com a atividade corrente da empresa.
Outra mais do que provável consequência é o desvio patrimonial com impacto até em questões jurídico-fiscais. A lei não permite utilizar os recursos da empresa sem documentação e/ou para serem aplicados fora da atividade da empresa. Ora, cada desvio de dinheiro da empresa para o empresário e vice versa carece de documentação contabilística que pode trazer consequências desagradáveis.
Como separar as finanças empresariais das pessoais?
Na prática essa separação pode ser realizada com estas pequenas dicas:
1. Defina um orçamento pessoal
Crie um mapa com as suas receitas e gastos pessoais. Dessa forma você percebe melhor o seu padrão de vida e a conhece quanto e em que categoria os seus rendimentos vão sendo gastos. Para isso faça uma listagem de todas as suas despesas e verá se o seu rendimento normal é ou não suficiente.
2. Receba um ordenado da sua empresa
Receba um ordenado que faça cumprir com as suas despesas pessoais e que não estrangule a sua empresa. Lembre-se: o seu negócio não serve só para você ganhar dinheiro no imediato. Serve também, e essencialmente, para crescer. Para que no futuro ganhe ainda mais.
3. Defina um orçamento financeiro para o seu negócio
Sabia que muitas empresas trabalham sem ter um orçamento de tesouraria definido? Nestes casos a empresa anda à deriva, sem a noção das eventuais necessidades de tesouraria ou do seu superávit.
Traçar um plano e mantê-lo constantemente atualizado permite-lhe saber em cada momento quanto e quando vai receber e pagar. Dessa informação resulta um conhecimento mais profundo e calendarizado das eventuais necessidades de tesouraria que lhe permitirá agir para colmatá-las, nomeadamente recorrendo a crédito à empresa.
4. Manter um ”Porquinho Bombeiro”
O “Porquinho Bombeiro” é um fundo de maneio, real e físico, quer seja em caixa ou numa conta bancária exclusiva para tal, para eventuais necessidades de tesouraria no futuro. Definir um valor, que mais não é do que uma almofada de tesouraria, que lhe permita fazer face às despesas no futuro que não estão salvaguardadas com as receitas nessa data, ou por desvios destas, ou mesmo por despesas inesperadas. Para manter este mealheiro deverá ser canalizado algum excedente de tesouraria que a empresa tenha.
5. Ter contas bancárias separadas
Os empreendedores com pequenos negócios geralmente não têm uma conta bancária específica para a sua atividade. Este é um erro, uma vez que, como vimos, é necessário manter um plano no qual conste todas as entradas e saídas de dinheiro. Misturando a atividade do negócio com a vida pessoal do empresário torna-se praticamente impossível a conferência de saldos e todo o plano depressa perde a sua exatidão e acaba por ficar de lado. Além do mais, misturando tudo na mesma conta os valores são utilizados de uma forma inadequada e sem rigor.
O processo de não misturar as finanças empresariais das pessoais é MESMO relevante para a saúde financeira do seu negócio e das suas próprias finanças. Portanto, é vital separar de forma a não prejudicar a sua vida empresarial nem pessoal.
Já agora, como está o nível de sucesso da sua empresa?